Continuando nossa conversa sobre segmentação de mercado como um instrumento fundamental para o sucesso da empresa, vamos explorar as duas principais vantagens que ela pode proporcionar às empresas de qualquer setor e porte.
Afinal, por que uma empresa deve operar de forma segmentada? Recapitulando: a segmentação tem como objetivo ajudar a organização a penetrar mais fundo nos mercados que ela escolher como prioritários.

Se, ao fazer essas e outras mudanças, o empresário se basear no que já aprendeu sobre os segmentos de mercado que atende ou pretende atender, estará chegando mais perto do que o consumidor deseja e, portanto, se destacará frente aos seus concorrentes.
É essa a principal vantagem para a empresa que escolhe conhecer melhor seus mercados: ela se diferencia frente a seus concorrentes, porque chega mais perto do que o consumidor deseja. A segmentação contribui para aumentar a diferenciação entre produtos/serviços semelhantes, simplesmente porque quem diferencia acaba se preocupando em adaptar suas ofertas a segmentos de mercado específicos.
A segunda vantagem que vale destacar para quem se empenha em conhecer seus segmentos de mercado é acompanhar as permanentes mudanças em seu ambiente competitivo e em seu setor de atuação, tendo assim, a possibilidade de se adaptar/reagir mais rapidamente.
Nenhum mercado permanece estável por muito tempo: os mercados são dinâmicos, surgem, desaparecem e se modificam de maneira inesperada, imprevisível e cada vez mais rápida, tanto devido à evolução tecnológica como à globalização.
Empresas que demoram a perceber essas mudanças podem ser surpreendidas em ocasiões como:
1. Uma reestruturação da demanda, quando um produto "muda de lugar" no mercado, passando a ser desejado por outros segmentos. É o caso do ar condicionado em carros populares: até alguns anos, apenas compradores de carros de luxo se dispunham a pagar por esse opcional. Mais recentemente, as montadoras passaram a oferecer carros 1.0 com ar condicionado, após perceber que o comprador desse produto valorizava o conforto extra – e, é claro, estava disposto a pagar mais com isso. Quem deve ter lucrado mais com isso? Além das montadoras que saíram na frente, o fabricante de ar condicionado que percebeu rapidamente esse desejo não atendido de um grande segmento de mercado (potenciais compradores de carros populares) e adaptou antes dos concorrentes seus produtos à potência limitada dos veículos.
2. Mudanças nos hábitos de consumo, quando certos padrões de comportamento se modificam. Sobretudo nas grandes cidades do país, uma parte dos habitantes, temendo a crescente violência, reestruturou seus hábitos de lazer, alavancando todo tipo de produto ou serviço que possa ser entregue em casa: disque-pizzas (e esfihas, comida japonesa, paella, bebidas...), disque-fraldas, disque-ração, e também teatro a domicílio, veterinário a domicílio – a lista é praticamente interminável.
3. Surgimento de novos segmentos de mercado, quando novos desejos e necessidades aparecem (por motivos diversos), e é preciso novos produtos/serviços para atendê-los. Um forte exemplo é a proliferação de produtos alimentícios diet/light adaptados a um infinito número de segmentos de mercado com necessidades (e desejos) específicos: doces sem açúcar, “leite” sem lactose (em geral, leite de soja), pão sem trigo, amendoim sem colesterol... A cada dia, as novas descobertas da medicina ou as dietas da moda despertam, em grupos diferentes de pessoas (ou seja, segmentos), a vontade de ter um produto diferente, específico e, consequentemente, surge uma oportunidade de negócios para quem melhor atender a essa nova demanda.
4. A rápida saturação dos mercados, quando inúmeras empresas descobrem a mesma oportunidade ao mesmo tempo e se concentram no mesmo segmento de mercado (geográfico, demográfico ou outro), até haver uma oferta muito superior à capacidade de compra daquele mercado. Essa é uma ameaça sempre presente no universo das pequenas empresas seguidoras, ou seja, aquelas que observam o que outras empresas estão fazendo e as copiam; como estratégia de negócios, é um caminho perigoso. O caso dos serviços de “disque-alguma-coisa-para comer”, mencionado acima como um tipo de negócio de sucesso, também levou (e ainda leva) muitas empresas, sobretudo pequenas, ao fracasso. Sem analisar a concorrência já instalada na área de atuação (que corresponde ao segmento geográfico atendido), muitos empreendedores resolvem abrir seus disque, somente para descobrir que se tornaram o 5º, 8º ou 10º disque disponível na região e, pior, que não têm nenhum diferencial a oferecer como atrativo para os consumidores - porque não buscaram descobrir o que esse segmento de mercado quer, mas nenhum concorrente ofereceu a ele até agora.
Além das vantagens acima, cada empresa, ao adotar uma estratégia de segmentação, vai descobrindo outras vantagens, muitas vezes ligadas a um setor ou tipo de negócio específico.
O que se pode afirmar, com certeza, é que, sem a segmentação, dificilmente uma empresa, sobretudo pequena, conseguirá, hoje e daqui para frente, se tornar (ou continuar) competitiva e lucrativa, garantindo sua sobrevivência e seu crescimento.
No próximo post encerraremos o tema Segmentação com dicas para selecionar os segmentos de mercados mais promissores para sua empresa.
*Laura Gallucci - sócia-diretora da FGGE - Flamínio & Gallucci Gestão Empresarial (www.fgge.com.br), consultora de empresas e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
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