O fim não justifica os meios.
Faz tempo que me formei na ESPM, meados dos anos 80, na Rui Barbosa. O mundo não parecia tão plano e pequeno.
O cenário político brasileiro era ainda do militarismo, mas em 1983 os movimentos para as Diretas Já se iniciavam, ganhando corpo, dia-a-dia. Nós estudantes de Comunicação, participávamos algumas vezes de forma ativa como cidadãos em busca de seus direitos: opinando, indo as passeatas, participando de debates. O movimento ganhou massa crítica e finalmente em 1989, após seis anos, tivemos o direito de votar em Presidente da República.
Eu já trabalhava na área de Marketing desde o 3º ano da Faculdade, estava começando minha carreira e aprendendo. Mas algumas lições que tirei de alguns professores na época eram claras: o sucesso não pode ser obtido a qualquer preço e o profissional de Marketing tem que ter responsabilidade social com os produtos e serviços sob sua atuação.

O maior desafio era fazer uma profunda reflexão entre a oportunidade profissional que se apresentava, composta por uma excelente recompensa financeira e as respostas que procurava sobre o candidato. Afinal, o Marketing que teria que exercer para o reposicionamento do candidato era ou não ético? O fim justifica o meio?
Minha reputação foi construída com muito trabalho e sucesso de grandes marcas. E criei coragem para dizer não aquela proposta.
Em 1999, a Associação de Marketing & Negócios - ABMN e a Escola Superior de Propaganda e Marketing, iniciam a Criação do Código de Ética do Profissional de Marketing. O Coordenador do Projeto era o José Roberto Whitaker Penteado, pela ESPM tínhamos o Professor Francisco Gracioso e Armando Ferrentini, entre outros. E alguns profissionais do mercado foram chamados a colaborar. Eu estava lá. E esse marco na minha vida profissional foi muito importante. Lembrei-me da proposta financeira para reposicionar a imagem de um candidato que não correspondia aos meus valores.
Lembrei parcialmente do que dizia o Art.3º, deste documento “... e das demais normas que integram este Código de Ética, espera-se do profissional de marketing que, como pessoa e cidadão, tenham sempre presente em suas ações profissionais e pessoais, a norma ética essencial que proíbe prejudicar deliberadamente a quem quer que seja.”.
Sim, como líder que era na empresa, tinha a feito a escolha correta e segui a minha crença. Escrevi parte da história de profissionais de Marketing e um legado para gerações futuras.
Alguns anos depois, ajudei um candidato como voluntária acreditei nele e na sua mensagem. Ele foi um grande cidadão e político. Tinha o que Max Weber chamou de ética da convicção, e liderou como político com a ética da responsabilidade.

Como profissional de Marketing tenho orgulho de expor um assunto tão importante, mas ainda timidamente discutido no dia-a-dia. Temos que assumir a tarefa de diminuir a “endemonização” da palavra “marketing” seja como adjetivo e/ou verbo nos dias de hoje, quase sempre atrelado a “política”.
Qual é a contribuição que você profissional de marketing pode dar, aqui e agora?
E como pergunta Mário Cortella, em seu livro “Qual é a tua Obra? Inquietações propositivas sobre Gestão” façam uma auto reflexão sobre o tema, questione a si próprio e outros profissionais sobre o assunto.
Questionamentos como esse ajudam a transformar o mundo. Para melhor.
*Martha Terenzzo - gestora de inovação e business da Inova 360º. Você pode contatá-la pelo MSN (martha.terenzzo@hotmail.com), Linkedin (martha.terenzzo@uol.com.br) ou Twitter (@marthaterenzzo9).
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